Tuesday, March 3, 2009

também quero uma cachaça

(This is an interview, in Portuguese, with the vice-president of Brasil, José Alencar. He is 77 yrs old and has a retroperitoneum sarcoma (I don´t know the type) since 2006.
He had his last (long and complicated) surgery 36 days ago and already returned to work. I am inspired by his strenght, I´ll post more on J.A. later)

Entrevista com o vice-presidente José Alencar de Eliane Cantanhêde publicada na Folha 11/01/2009

"Nao tenho medo da morte"

...Em 2006, em plena campanha da reeleição, mais um check-up e outra má notícia: "Um tumor suprapartidário... Quer dizer, um tumor retroperitonial". Tudo ficou bem pior: "Os outros eram carcinomas, mas esse era um sarcoma, que é recorrente. Você tira, e ele volta. Um tumor muito difícil".
A cirurgia foi em 18 de julho, a dois meses e meio da eleição, e ele foi direto do hospital para a inauguração do comitê do candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante: "O corte era brutal, e os médicos foram até o carro para me impedir. Eu fui assim mesmo!"
Mal tirou os pontos, dez dias depois da cirurgia, Alencar já entrou em campanha. Os médicos proibiram terminantemente que repetisse a história dos caminhões, porque eles trepidam muito. Ele deu um jeitinho: ia na boleia.
Lula-Alencar ganharam no segundo turno, em 29 de outubro, e o vice já amanheceu no hospital no dia seguinte, para exames. E... "lá estava o bicho recorrente!". Não no mesmo local, mas na mesma região.
Quimioterapia
A nova cirurgia foi feita no Memorial Hospital, em Nova York, com um especialista em sarcoma, Murray Brennan, com uma novidade: radioterapia intraoperatória, com o corte aberto. E começaram as terríveis quimioterapias.
"O grande problema do câncer são justamente os efeitos colaterais da quimio. Eles não são brincadeira. Isso precisa evoluir muito ainda", diz.
Mesmo assim, o "bicho" voltou menos de um ano depois. Brennan veio direto de Dubai a São Paulo para mais uma cirurgia, em 30 de outubro de 2007. Como pagamento, pediu uma camisa da seleção brasileira de futebol, assinada pelos craques, para um neto de oito anos na Nova Zelândia. Ganhou não só a camiseta, mas o uniforme completo e a bola.
"Mas a velocidade do sarcoma é uma coisa fantástica", diz Alencar, que fez tratamento de radiofrequência, passou por várias sessões de quimio e está experimentando uma nova combinação de remédios.
Daqui a dois dias, ele terá uma resposta crucial: se essa tentativa será capaz de reduzir os dois novos tumores já detectáveis e, portanto, inibir os ainda muito pequenos e não perceptíveis. Disso, depende a continuação do tratamento. Aliás, depende tudo.
"Eu não tenho medo da morte. Entreguei a Deus", diz. E ensina a quem passar pelo mesmo fio da navalha: "Sem desespero. Tem de encarar de frente e nunca desmobilizar".
Foram duas conversas com a Folha, uma na terça-feira passada, no gabinete do anexo do Planalto, e a outra na quinta, no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice. Concluídas as fotos, Alencar pediu ao garçom uma cachaça Maria da Cruz, um dos orgulhos da família, e tomou um bom trago com gosto. "D. Mariza não vai brigar com o sr.?", perguntou-lhe a repórter. "Não. Os médicos só proibiram bebida que faz mal. Essa aqui só faz bem!"
PS - Alencar realizou os exames na segunda e na terça. O novo coquetel de quimio não está sendo eficaz contra o sarcoma.

1 comment:

tapioca said...

que grande HOMEM!
uma lição de vida MEEEEESMO.
bEIJINHOS